O PDT, o Maranhão e o Brasil estão sem o maior líder, o mais correto, verdadeiro e respeitado da oposição no estado. As ruas, as comunidades, as periferias e a população mais humilde do Maranhão, guardam as lembranças de um líder político marcado pela honestidade, pelo trabalhismo, pela ética, pela inclusão, pelo compromisso popular, pela transparência e pela sensibilidade.
Há exatos 14 anos, o Maranhão, o Partido Democrático Trabalhista (PDT) e o Brasil, perderam uma de suas figuras políticas mais respeitadas: o ex-governador Jackson Lago. Reconhecido por sua integridade, firmeza de princípios e postura ética, ele foi admirado tanto por aliados quanto por adversários, tornando-se símbolo de uma oposição coerente e comprometida com os anseios do povo maranhense.
Médico por formação e político por vocação, Dr. Jackson Lago iniciou sua trajetória pública no contato direto com a população. Conversava nas calçadas, debaixo das árvores, sob sol ou chuva, sempre disposto a ouvir. Sua escuta atenta, sensibilidade social e profundo respeito pelos mais humildes, marcaram toda a sua atuação. Pontual e comprometido, jamais desprezava encontros, independentemente da quantidade de pessoas. Para ele, uma única pessoa bastava para iniciar o diálogo numa reunião, e logo outras se juntavam.
Um exemplo emblemático ocorreu em fevereiro de 1985 na Vila Dom Luís. Dr. Jackson chegou pontualmente às 15h conforme combinado. Apenas três pessoas o aguardavam. Como cultura de periferia, a comunidade esperava um atraso de pelo menos 20 minutos, mas ele, com entusiasmo, iniciou a conversa. Minutos depois, cerca de 80 pessoas estavam reunidas. Assim ele com respeito, humildade e autenticidade, conquistava corações e mentes.
Mesmo aos 76 anos, Dr. Jackson seguia atuante, sonhando e trabalhando por um Maranhão mais justo. Foi prefeito de São Luís por três mandatos, com reconhecimento nacional. Em 2006, quebrou a hegemonia do grupo Sarney ao ser eleito governador, um feito histórico. No entanto, teve seu mandato cassado em 2009 por decisão do TSE, sob acusação de abuso de poder, decisão amplamente contestada por diversos setores. Muitos acreditam que essa injustiça contribuiu para o agravamento de sua saúde.
Pedi muito para Dr. Jackson Lago não fazer aliança com Zé Reinaldo, alertei que não era segura, mas a advertência não foi ouvida.
O editor deste Canal de Notícias por Inclusão, Oportunidades e Justiça Social Blog A Força das Comunidades, sempre se posicionou contra a aliança de Dr. Jackson Lago com o então governador Zé Reinaldo. Naquela época, alertei que havia interesses ocultos e que a aproximação representava uma armadilha. Minha avaliação era de que para alguns ambiciosos, o futuro de Dr. Jackson Lago como governador não era de interesse. Claro que com o apoio de Zé Reinaldo, Dr. Jackson teria a chance de ser eleito, mas ali estava o perigo: O RISCO REAL DE NÃO CONCLUIR O MANDATO CASO FOSSE ELEITO CHEFE DO EXECUTIVO ESTADUAL. INFELIZMENTE, FOI EXATAMENTE O QUE ACONTECEU.
Em dezembro de 2005, numa reunião no auditório do PDT realizada numa quinta-feira às 19h, meu posicionamento foi vencido pela maioria dos filiados, recorri ao gabinete do então deputado estadual Julião Amin que apenas disse que jamais correria risco. Profundamente decepcionado e desconfiando das intenções de Zé Reinaldo que já havia traído seu próprio mentor, entrei em contato com um interlocutor da ex-governadora Roseana Sarney e manifestei apoio à sua candidatura. Mesmo ciente das dificuldades, mantive a convicção de que Dr. Jackson Lago estava sendo conduzido ao isolamento político.
O desfecho foi trágico. Eleito em 2006, Dr. Jackson teve seu mandato interrompido três anos depois. Até hoje essa decisão provoca indignação.
Minha serena reflexão sobre Flávio Dino e o enfraquecimento da oposição, pois o Maranhão poderia estar muito melhor.
Peço desculpas ao atual ministro do STF, Dr. Flávio Dino, caso entenda esta crítica como ataque, mas é necessário dizer: em 2006 como candidato a deputado federal, Dino articulou com Zé Reinaldo uma conjuntura na qual o governo estadual apoiava dois candidatos ao governo, Dr. Jackson Lago e Edson Vidigal.
Foi diante dessa conjuntura que alertei Dr. Jackson a não se aliar ao então governador Zé Reinaldo. E mesmo com a vitória nas urnas, temia que Dr. Jackson não terminasse o mandato. Não posso provar, mas acredito que o sonho de Dino era enfraquecê-lo. Tenho dúvidas se a cassação de Dr. Jackson Lago, baseada em convênios tidos como abuso de poder, não foi arquitetada para tirá-lo do jogo.
Meu apoio no 2º turno da eleição de João Castelo à Prefeitura de São Luís, foi uma tentativa de proteger Dr. Jackson Lago, que, mesmo como governador, dificilmente escaparia da cassação.
Em 2008, fui candidato a vice-prefeito de São Luís pela chapa “A Segurança das Comunidades”, liderada pelo então deputado Raimundo Cutrim. João Castelo era o candidato apoiado por Dr. Jackson Lago. Clodomir Paz recebeu o apoio de Tadeu Palácio, enquanto Flávio Dino, também candidato a prefeito pelo PC do B, disputou o 2º turno com Castelo.
Com Dr. Jackson sob risco de cassação, levei todos os candidatos a vereador da nossa coligação a apoiar João Castelo, pensando justamente em proteger o “velhinho” Jackson para que não ficasse ainda mais fragilizado. E deu certo: Dr. Jackson Lago conseguiu eleger Castelo antes de ser retirado do governo. No entanto, após sua morte, o PDT se voltou contra Castelo, abrindo caminhos para que Flávio Dino se tornasse o principal nome da oposição no Maranhão. Até aí entende-se que a conjuntura do PDT em apoio a Edvaldo Jr facilitaria a efetivação de Weverton Rocha como deputado federal.
Por que o editor e titular deste blog apoiou Weverton Rocha ao governo do estado em 2022?
Apoiei o senador Weverton Rocha em 2022 por sua coragem de enfrentar Flávio Dino como Dr. Jackson tantas vezes fez contra o grupo Sarney. Quando muitos duvidaram de sua candidatura, Weverton mostrou que o espírito de grandeza e de independência do PDT ainda vive.
Nada tenho contra o ministro Flávio Dino, mas lamento profundamente sua omissão quando Dr. Jackson foi ameaçado de cassação. Dino, à época deputado federal, não liderou a defesa do governador. Se a oposição tivesse se unido, Dr. Jackson teria terminado o mandato, sido reeleito e talvez, preparado Dino como sucessor. O Maranhão teria seguido outro rumo. E Dr. Jackson talvez ainda estivesse entre nós.
Unidade pela governabilidade
Mesmo com os alertas de Leonel Brizola sobre Lula no passado, PDT e PT sempre estiveram juntos pelas pautas trabalhistas. O editor deste canal defende a anistia, mesmo que parte da base do governo Brandão e do PDT a rejeite, temendo ameaçar os planos de reeleição do atual presidente. É preciso prudência. Assim como Brizola alertou sobre Lula, não sabemos como Dr. Jackson Lago se posicionaria hoje sobre a anistia. Diante da conjuntura atual, com novos grupos surgindo em um cenário incerto, acredito que manter a base de Lula unida no Maranhão, é essencial para garantir investimentos e evitar que o povo pague o preço da vaidade política. Até aí tudo bem.
O senador Weverton Rocha entende a necessidade dessa unidade, mesmo com divergências. Não tenho nada pessoal contra Flávio Dino. O que carrego é uma mágoa por sua ausência no momento mais delicado da vida de Dr. Jackson Lago que quando enfrentou o processo que levou à sua injusta cassação, Dino não estendeu a mão. Não liderou a oposição, não ergueu a voz, não construiu pontes. A sensação foi de que todos queriam Dr. Jackson fora do caminho. Se o objetivo de Dino era acabar com o ciclo Sarney, por que não ajudou Dr. Jackson, o único que realmente rompeu essa hegemonia nas urnas?
Minha maior indignação é com a falta de leitura política do PDT na época. Em 2006, Dr. Jackson foi alertado sobre a aliança com Zé Reinaldo que na minha visão política, não era segura e poderia ser uma armadilha. E não se trata de teoria da conspiração. Foram justamente os convênios oriundos dessa aliança que resultaram na acusação de abuso de poder. Um homem sério como Dr. Jackson Lago jamais participaria de um crime que foi acusado.
Em 2010, quando tentava se reerguer, a campanha de Dino foi desleal. Espalharam boatos de que os votos em Dr. Jackson Lago seriam anulados. Foi uma jogada suja, em vez de respeitarem aquele homem já fragilizado, buscaram hegemonia a qualquer custo.
Se Dr. Jackson tivesse sido apoiado no julgamento do TSE, e depois em 2010, o Maranhão teria seguido outro rumo? Sem dúvida, mas preferiram derrubar o velho leão em vez de aprender com ele.
O legado de Dr. Jackson Lago: Dr. Jackson Lago faleceu em 2011, no Hospital do Coração em São Paulo, vítima de falência múltipla dos órgãos. Sua ausência ainda é sentida, especialmente pelas camadas mais humildes que o viam como um pai, um defensor do trabalhismo, da inclusão e da justiça social.
Além de sua atuação no Maranhão, foi figura relevante na política nacional. Um dos fundadores do PDT ao lado de Leonel Brizola, e signatário da histórica Carta de Lisboa em 1979, sua trajetória se confunde com a luta democrática e a defesa dos direitos sociais no Brasil. Casado com a guerreira e respeitada Drª. Maria Clay Moreira Lago, deixou três filhos e um legado imortal.
Dr. Jackson Lago não foi apenas um político, foi um exemplo de humanidade, honestidade e compromisso com o trabalhismo, com a constituição, com a democracia, com a inclusão e justiça social. Um líder cuja memória permanecerá viva na história do Maranhão e do Brasil.
