Embora Eduardo Braide não seja um mau gestor e se esforce para acertar, o que mais faltou em sua primeira administração foi a escuta ativa das comunidades, algo que marcou as gestões de Jackson Lago, Conceição Andrade e João Castelo.




A ausência de obras de drenagem adequadas para escoar a água das fortes chuvas em São Luís, não é consequência da falta de alerta ou do esforço das comunidades. Ex-gestores e a atual gestão do Palácio de La Ravardière deixaram de recorrer aos arquivos que garantiriam a continuidade de importantes obras estruturantes. Embora a responsabilidade atual recaia sobre o prefeito Eduardo Braide, a culpa não é apenas dele, gestões anteriores também deveriam ter retomado projetos essenciais. Como resolver essa situação? Para evitar que a cidade continue sofrendo com alagamentos que transformam ruas em rios, causando prejuízos e danos à população, especialmente aos mais vulneráveis, é fundamental que Braide adote uma postura mais participativa e comprometida com o enfrentamento dos problemas causados pelas cheias em São Luís.


Desde as primeiras eleições municipais da Nova República em 1985, São Luís já dava sinais de que precisava de um grande projeto de infraestrutura, com drenagem e canalização adequadas para o escoamento das águas pluviais. Durante uma reunião comunitária na gestão da então prefeita Gardênia Ribeiro Gonçalves, João Castelo tentou acolher a preocupação popular, mas Gardênia, apesar da intenção de tratar São Luís com amor, não conseguiu avançar devido às perseguições políticas que enfrentou sufocando sua administração.

Em 1988 com a eleição de Dr. Jackson Lago, sua administração ao lado de figuras como Dr. Machado, Rubem Brito e Julião Amim, abraçou essa causa. Com o apoio das lideranças comunitárias e de segmentos organizados, foram implementadas importantes obras de drenagem, permitindo que a cidade enfrentasse melhor as fortes chuvas. Na sequência, Conceição Andrade, com o slogan “O Poder do Cidadão”, deu continuidade a essas iniciativas. Quando Jackson Lago retornou ao Palácio de La Ravardière em 1997, impulsionou ainda mais esses projetos. Com São Luís transformada em um canteiro de obras, Dr. Jackson foi reeleito em 2000, mas renunciou ao cargo para disputar o governo do estado em 2002.
Antes de deixar a Prefeitura, Dr. Jackson deixou um planejamento de obras que previa parcerias com os governos estadual e federal, além do envolvimento da iniciativa privada, com o objetivo de transformar São Luís em uma cidade estruturada para suportar os alagamentos. No entanto, Tadeu Palácio, com o slogan “São Luís, o melhor é possível”, não conseguiu dar continuidade a esse planejamento, falhando na consolidação de grandes projetos estruturantes de drenagem e prevenção contra enchentes.
Na gestão de João Castelo, com a proposta de fazer de São Luís uma referência nacional em infraestrutura, houve um avanço significativo. No entanto, com a eleição de Edivaldo Holanda Jr., essa missão foi interrompida. Ele não deu sequência às grandes obras de canalização iniciadas por Castelo e investiu pouco em drenagem, deixando a capital ainda mais vulnerável às chuvas.
Eduardo Braide, apesar de propor uma São Luís mais inclusiva, falhou em não recorrer aos arquivos antigos, onde estão registrados projetos fundamentais para a drenagem da cidade, construídos com ampla participação das comunidades. Esses projetos que poderiam estar em pleno funcionamento hoje, foram interrompidos durante a gestão de Edivaldo Holanda Jr. Desde o início de seu mandato, Braide tem adotado soluções pontuais, mas sem considerar essas iniciativas anteriores que oferecem respostas mais eficazes. Caso tivesse resgatado esses planos, a capital estaria mais preparada para enfrentar as chuvas mesmo que as obras exigissem tempo e enfrentassem burocracias.

A grande diferença entre as gestões passadas e a atual é que Conceição Andrade, Jackson Lago e João Castelo, ouviram as comunidades. Cada alerta e sugestão popular foi tratado com atenção e respeito, fortalecendo a democracia participativa. Braide não é um mau gestor, mas precisa entender que escutar a população é fundamental para enfrentar os desafios históricos da cidade. Se tivesse feito isso desde o início de seu mandato, São Luís estaria em uma condição melhor para lidar com as cheias.


Para este Canal de Notícias por Inclusão, Oportunidades e Justiça Social Blog A Força das Comunidades, os danos causados pelas fortes chuvas na capital maranhense nos últimos anos, são em grande parte, responsabilidade de Eduardo Braide. No entanto, ele não deveria ser o único a ser responsabilizado, já que outros gestores, inclusive seu antecessor, também têm parcela de culpa. Ainda assim, é fundamental que Braide aprenda com o passado que registrou um período marcado por uma verdadeira aula de democracia, e que de fato, deu certo.
Para o bem de São Luís e para que ela se transforme na cidade que todos os ludovicenses desejam, inclusiva, segura e preparada para o futuro, o atual comando do Palácio de La Ravardière, precisa ouvir as comunidades, assim como fizeram Jackson Lago, Conceição Andrade e João Castelo.