A tentativa do ex-governador Flávio Dino de construir uma linha de sucessão no Palácio dos Leões, tendo Felipe Camarão como seu herdeiro político, mostra sinais evidentes de fracasso. As recentes declarações do governador Carlos Brandão sobre a eleição de 2026, deixou claro: o plano dinista naufragou.
A estratégia dinista previa a filiação de Camarão ao PT, sua inclusão como vice na chapa de Brandão em 2022 e a posterior ascensão ao cargo de governador com a desincompatibilização de Brandão em 2026 para disputar o Senado. No papel, a operação parecia consistente. Na prática, porém, esbarrou em decisões centralizadas, na falta de diálogo com outras lideranças do campo governista e em resistências internas, inclusive dentro do próprio Partido dos Trabalhadores.
A condução do projeto foi marcada por uma forte intervenção de Dino, especialmente na filiação de Camarão ao PT, atropelando instâncias locais do partido e criando desconforto entre lideranças petistas maranhenses. Dino, mais uma vez, subestimou o peso de figuras tradicionais da política estadual, como o ex-presidente José Sarney, cuja influência segue viva tanto em Brasília quanto no Maranhão, inclusive junto ao presidente Lula.
Política não se faz sozinho. Ao impor a filiação de Felipe Camarão ao PT, Flávio Dino expôs o autoritarismo de seu projeto e desgastou o capital político que ainda lhe restava. Sua condução centralizada ignorou um fato evidente: no Maranhão, o grupo Sarney continua sendo um protagonista silencioso, mas decisivo, nos bastidores do poder.



Enquanto isso, Carlos Brandão adotou o silêncio estratégico. Observou. Esperou. E quando falou, foi direto: deve concluir o mandato até 2026. Essa sinalização praticamente enterra o plano original de Dino e coloca o nome de Orleans Brandão, como favorito à sucessão. Dino apostou alto, mas esqueceu que Lula não é seu aliado exclusivo e que o jogo no Maranhão não gira apenas ao seu redor.

A tentativa tardia de Flávio Dino de se aproximar de José Sarney visando sua entrada na Academia Maranhense de Letras e, quem sabe, pavimentar o caminho rumo ao STF, parece ter surtido o efeito inverso. Roseana Sarney, ex-governadora e atual deputada federal, teria reagido com visível desagrado. O resultado? Brandão estreitou ainda mais os laços com o grupo Sarney, reeditando, nos bastidores, a velha aliança da casa grande do Calhau.

O resultado foi claro: o plano de emplacar Felipe Camarão como sucessor de Brandão, naufragou. Sem o apoio decisivo do grupo Sarney e com articulação frágil entre os aliados, a candidatura do vice-governador perdeu força e ficou esvaziada.
Diante desse cenário, se quiser realmente disputar o governo em 2026, o atual vice-governador Felipe Camarão terá que agir rápido. Construir uma base própria, reunir os últimos fiéis do dinismo e até considerar alianças improváveis como com o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, podem ser os únicos caminhos viáveis. Contar com a bênção dos Leões, hoje, parece tarefa quase impossível.
Com o tabuleiro se reorganizando, o cenário eleitoral para 2026 vai ganhando forma. Orleans Brandão, Secretário Estadual de Assuntos Municipalistas, desponta como nome preferido do atual governo. Camarão tenta resistir como representante do grupo dinista. Lahesio Bonfim aparece como a principal força da direita. E Eduardo Braide, líder nas pesquisas, ainda avalia se entra no jogo ou se prefere concluir o mandato na capital, evitando confronto com a máquina estadual.
Como já alertamos aqui neste Canal de Notícias das Comunidades – Uma Luta por Inclusão e Justiça Social, Blog A Força das Comunidades, o reposicionamento de Brandão reorganiza as peças, fortalece Orleans, enfraquece Camarão e aumenta a pressão sobre Braide.